Quando e como falar de sexo com os filhos
SEXO & SEXUALIDADE ainda são temas difíceis para os pais abordarem – informar sem ser moralista e sem demonstrar preconceitos é a “grande chave” para não criar angústias e tabus, que muitas vezes se transformam em traumas que serão carregados ao longo de uma vida.
mundo contemporâneo é cheio de erotismo e mostra uma banalização do sexo. Mas a liberdade de escolhas traz vantagens e desvantagens, além de nos dar prazer. Esta liberdade (muitas vezes confundida com libertinagem) está nos fazendo esquecer o real sentido com a palavra respeito – “respeito a si próprio (a), a seus desejos, a suas fantasias, a seu jeito de ser, a seus limites, a suas ideias, a suas convicções, enfim, a sua essência” (MULLER, 2009). Conhecer o limite da boa prática sexual é entender que você não deve se ferir de forma alguma – nem física nem emocionalmente.
Minha experiência de consultório mostra que a dificuldade em abordar este assunto é atemporal, nossos pais e avós não foram tão diferentes de nós, sendo que, os pais de hoje trazem como agravante a angústia deles mesmos na busca pela perfeição no “educar”.
Não existe receita pronta!
Cada história é única!
Cada corpo é único!
Cada família terá que descobrir
seu jeito de tratar este assunto!
Podemos dizer que a idade ideal (em teoria) para início da educação sexual seria aos 9/12 anos, mas hoje a curiosidade das crianças surge bem mais cedo.
Então, quando começar a falar de sexo?
Quando a criança perguntar! Respostas simples e verdadeiras, de entendimento adequado para cada idade, trará tranquilidade aos pais e a criança. Nada de criar histórias mirabolantes, mas sim, usar uma linguagem simples e clara, podendo fazer uso de livros próprios para cada período.
Mas o início da adolescência – de 12 a 14 anos – demonstra realmente a insegurança dos pais. É nessa fase de transição do mundo infantil para o adulto, quando o corpo começa crescer e os genitais entram no processo de amadurecimento; quando acontece a menarca, primeira menstruação para as meninas, e espermarca, primeira emissão do sêmen (ejaculação) para os meninos, que a conversa os pais não deve mais ser adiada. Quero frisar aqui, o real significado da palavra “pais”, ou seja, o casal formado pelo pai e pela mãe.
Hoje existem recursos de várias maneiras e além dos pais, os educadores, psicólogos, livros e internet, também podem auxiliar nesta tarefa; mas, quando a primeira fala sobre o assunto vem dos pais, desmistifica e gera confiança na criança e no adolescente. A informação – conjunta ao carinho dos pais – mostrará a sexualidade como algo normal, natural (biológico) e necessário ao ser humano. A criança aprenderá a respeitar seu corpo e seus sentimentos e passará confiante, por tudo que a vida nos reserva. Informação traz opções, tranquilidade e possibilidades de viver o amor e o prazer em plenitude.
Sexo é bom! É necessário! Não é pecado! Não é complicado!
Sexo traz alegria à vida!
As transformações que o jovem adolescente passará principalmente a sexual deverão ser tratadas com clareza para que ele entenda que toda pessoa saudável tem vontade sexual.
Conhecer seus genitais, a primeira menstruação (menarca), a primeira ejaculação (espermarca), gravidez, resposta sexual, sexo com e sem amor, afeto, prazer, violência e abuso sexual, homossexualidade (e suas diferentes nomenclaturas), masturbação, penetração vaginal, preliminares, dificuldades sexuais (dor na penetração, frigidez, orgasmo, ereção, ejaculação precoce) etc – são palavras que fazem parte de uma educação sexual saudável.
Tirar dúvidas, falar das angústias e dificuldades, mas também dos prazeres, das alegrias e das possibilidades que a sexualidade nos proporciona, é a meta a ser alcançada na Educação Sexual, e, pode ser também um excelente momento de reflexão para o adulto – pais e educadores – uma oportunidade para repensar a si mesmo e a adolescência que já viveu.