Prevenção do câncer do colo uterino
Esse título chamou sua atenção? Não deveria ser óbvio que a especialidade ginecologia significasse saúde? Porém muitas vezes não é bem assim que funciona…
O câncer do colo uterino é responsável por mais de 265 mil óbitos por ano. No brasil, é considerada a terceira localização primária de incidência e de mortalidade por câncer em mulheres no país, excluindo pele não melanoma.
Há diversos fatores envolvidos na etiologia do câncer do colo do útero como idade precoce na primeira relação sexual, multiplicidade de parceiros, história de infecções sexualmente transmissíveis (da mulher e do seu parceiro), multiparidade, tabagismo, alimentação pobre em alguns micronutrientes, principalmente vitamina c, beta caroteno e folato e o uso de anticoncepcionais orais, sendo que as infecções persistentes pelo HPV (papiloma vírus humano ) oncogênico é a causa necessária para o aparecimento da doença. Entre os seus 13 tipo oncogênicos, o HPV 16 e o 18 são os mais comumentes relacionados com o câncer de colo uterino.
No sistema público de saúde do nosso país, o rastreamento é baseado na citologia convencional (o papanicolau). No sistema privado há também a disponibilidade da citologia em base líquida e teste HPV. Seu objetivo é identificar todas as mulheres com risco de lesões cervicais pré-invasivas, que, se não tratadas precocemente, podem levar ao câncer invasor.
O ministério da saúde por meio da publicação “diretrizes para rastreamento do câncer de colo do útero 2016”, recomenda o início do rastreamento através do exame citopatologico (o papanicolau), em mulheres assintomáticas, que já tiveram relação sexual, com idade de 25 anos. Após dois exames anuais consecutivos normais, o rastreamento pode continuar a ser realizado a cada 3 anos, até atingir os 64 anos, se tiver pelo menos dois exames consecutivos negativos, nos últimos 5 anos.
A prevenção primária do câncer de colo de útero está relacionada a diminuição do risco de contágio pelo HPV. A transmissão da infecção pelo HPV ocorre por via sexual.
Consequentemente o uso de preservativos (camisinha) durante a relação sexual com penetração protege parcialmente pelo contágio com o HPV, que também pode ocorrer através do contato com a pele da vulva, região perineal, perianal e bolsa escrotal.
A principal forma de prevenção, portanto é a vacina contra o HPV. Desde 2014, está disponível, na rede pública, a vacina tetravalente/quadrivalente contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV para meninas de 9 a 13 anos; e, a partir de 2017, também, para meninos de 11 a 13 anos em duas doses com intervalo de 6 meses.
A vacinação em conjunto com o exame preventivo (papanicolau) se complementam como ações de prevenção deste câncer.
Dentre todos os tipos de câncer é o que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e cura chegando a perto de 100% quando diagnosticado precocemente e podendo ser tratado em nível ambulatorial em cerca de 80% dos casos.