Doenças respiratórias no inverno: perigos e precauções
As baixas temperaturas e a pouca umidade do ar nesta época do ano são facilitadores para a disseminação de vírus e bactérias. Somado a isso, está o fato de as pessoas permanecerem por mais tempo em ambientes fechados e, expostas ao ar seco, terem reduzidos seus mecanismos de defesa das vias aéreas. O muco nasal, por exemplo, fica mais espesso, dificultando a remoção destes microorganismos. O resultado é um aumento significativo de casos de infecções no nariz, seios paranasais, faringe, laringe e também nos pulmões.
As infecções mais comuns nesta época do ano são os resfriados, amigdalites, sinusites e a gripe, sendo que esta última pode ser prevenida pela vacinação (vacina da gripe ou influenza).
Resfriados:
Os resfriados são causados por mais de 200 tipos diferentes de vírus. Os sintomas são coriza, obstrução nasal, espirros, dor de garganta e pode, ou não, apresentar febre baixa. Geralmente, é autolimitada, ou seja, têm cura espontânea, e dura, no máximo, 10 dias. As crianças são mais suscetíveis por não terem tido contato, ao longo da vida, com a maioria destes vírus e pelo fato de o sistema imunológico delas estar em franco desenvolvimento. Estas também estão mais sujeitas às complicações dos resfriados como amigdalites, sinusites e otites.
A contaminação se dá por meio da inalação dos vírus transmitidos em gotículas de saliva e secreções contaminadas, quando o doente tosse ou espirra, pelo compartilhamento de copos e talheres, pelo beijo, um aperto de mãos ou ainda no contato com superfícies contaminadas (maçaneta de portas, mesas, etc...).
No geral, a melhor forma de evitar o contágio de infecções respiratórias é evitar ambientes fechados, não manter contato próximo com pessoas doentes e, com freqüência, realizar a aplicação de álcool gel após a lavagem das mãos.
O tratamento consiste em controle da dor e da febre, medicamentos para aliviar a obstrução nasal, repouso e hidratação.
Gripe:
A gripe é causada pelo vírus da influenza tipos A, B e C, sendo o tipo C o responsável por causar quadros mais brandos. Por esse motivo, a vacina trivalente inclui os vírus da influenza tipo A (subtipos H1N1 e H3N2) e o da influenza B. A vacina precisa sofrer modificações anualmente para se adequar às mutações dos vírus e garantir, assim, sua eficácia.
Todas as pessoas devem se vacinar, exceto crianças abaixo dos seis meses. Não existe nenhuma contraindicação para pessoas saudáveis, fora do grupo de risco, fazerem uso da vacina. Estão incluídos nos grupos de risco as crianças de seis meses a cinco anos, as gestantes, puérperas, os trabalhadores da Saúde, povos indígenas, indivíduos com 60 anos ou mais e os adolescentes e jovens de 12 a 21 anos que vivem sob medidas socioeducativas. Além desses, estão a população privada de liberdade, funcionários do sistema prisional, portadores de doenças crônicas e os pacientes imunossuprimidos (que têm baixa imunidade), ou que estejam fazendo uso de medicamentos imunossupressores (utilizados no combate a doenças que abaixam a imunidade).
Os sintomas da gripe são mais severos se os compararmos aos do resfriado. Incluem febre acima de 38°C; dor de garganta, tosse, espirros, dor de cabeça, dor muscular e nas articulações e ainda podem estar presentes náuseas e vômitos. Os quadros mais graves levam a insuficiência respiratória e até a morte, nos grupos de risco. O tratamento inclui medicamentos para alívio dos sintomas, antivirais e até suporte respiratório em ambiente hospitalar, quando necessário. A forma de evitar o contágio é a mesma descrita aos vírus causadores dos resfriados.
Sinusites:
São as infecções dos seios paranasais, causadas por bactérias e, em sua maioria, por vírus. Os sintomas são obstrução nasal, dor facial, descarga pós-nasal, tosse e febre em alguns casos. Geralmente, o quadro é autolimitado e necessita apenas do tratamento dos sintomas, repouso e hidratação. Quando se agrava e dura mais de 10 dias, pode haver uma superinfecção e ser necessário o uso de antibiótico para o tratamento adequado. A sinusite bacteriana não tratada pode levar a complicações graves orbitárias (região dos olhos) e cerebrais.
Amigdalites:
São infecções virais ou bacterianas das amígdalas. A maioria é de origem viral e se resolve espontaneamente em até uma semana. Em casos de febre alta e persistente, a etiologia (causa) pode ser bacteriana. O médico deve ser consultado e, no exame físico, será detectada a necessidade ou não do uso do antibiótico. Em alguns casos podem ser realizados exames laboratoriais para auxiliar no diagnóstico. As amigdalites bacterianas podem gerar complicações como os abscessos amigdalianos, cervicais e a febre reumática.
Otites:
São infecções da mucosa das orelhas médias que, geralmente, provocam dor de ouvido acompanhada ou não de febre e dificuldade auditiva. Podem tanto ser de etiologia viral e autolimitadas, como de origem bacteriana e necessitarem da utilização de antibiótico para o tratamento adequado. Decorrem ainda do agravamento de um resfriado. As otites têm potencial de formar perfurações da membrana timpânica, mastoidite e meningite, principalmente em lactentes, crianças até os dois anos de idade e imunossuprimidos.
*Dra. Regina Marquezini
Conselheira do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).
É otorrinolaringologista.