As novidades na área de cirurgia do ombro têm avançado rapidamente. Situações que antes eram de difícil resolução agora podem ser tratadas de forma mais simples. O maior exemplo atualmente está relacionado às lesões extensas e irreparáveis do manguito rotador, uma estrutura tendínea composta por quatro tendões (subescapular, supraespinhal, infraespinhal e redondo menor).
Até o ano passado, quando um paciente apresentava uma lesão de supraespinhal com grande retração do tendão e atrofia muscular, as principais opções de tratamento eram debridamento, uma cirurgia de “limpeza” no ombro para alívio temporário da dor; reconstrução capsular superior, retirada de uma fáscia da coxa do paciente e seu transporte para o ombro para criar um novo tecido; transferência muscular, tentativa de aumentar o espaço usando a força de outro músculo. Estas duas são cirurgias com maior morbidade devido a serem procedimentos mais longos que envolvem a remoção de tecido sadio de outro local do corpo para reconstruir uma estrutura do ombro. Por último, a artroplastia reversa, substituição da articulação por componentes metálicos, é resolutiva e com resposta rápida, mas mais agressiva e não recomendada para pacientes mais jovens e ativos.
Chegou ao Brasil o balão subacromial ou Inspaceº, um dispositivo simples que substitui os procedimentos acima mencionados, quando o paciente apresenta alguns critérios, como ausência de artrose, tendão subescapular íntegro ou reparável e ainda consegue levantar o braço. Sua introdução é feita por artroscopia, onde é realizada uma medição interna do ombro do paciente para seleção do tamanho adequado do implante, e então se coloca o dispositivo, que consiste em uma espécie de canudo com uma bexiga enrolada dentro dele. Quando se aloca na posição desejada, o canudo é retirado e a bexiga é preenchida com soro fisiológico, criando o espaço entre a cabeça do úmero e o acrômio, refazendo o posicionamento correto da cabeça umeral, levando a alívio da dor e da funcionalidade do ombro de forma rápida e pouco invasiva.
Os resultados nas publicações internacionais têm se mostrado excelentes, com manutenção da melhora da dor e da função por mais de 5 anos, e alguns estudos já evidenciando 10 anos de seguimento sem recidiva da dor. Tive a oportunidade de fazer o primeiro destes implantes no Brasil, aqui em São José do Rio Preto, e nossa equipe segue animada com a perspectiva de poder trazer esse benefício para os pacientes nesta situação de dor, com um procedimento simples e rápido.
