Tratamento Cirúrgico da Obesidade. Qual a melhor técnica?
O tratamento cirúrgico da obesidade é uma realidade que a cada dia apresenta descobertas e resultados que demonstram seus benefícios nas mais variadas técnicas. Existem 3 tipos de procedimentos: restritivos onde o mecanismo de perda de peso é a diminuição da quantidade de comida ingerida, disabsortivos onde ocorre emagrecimento pela diminuição da absorção e também os procedimentos mistos onde o paciente come menos e absorve um pouco menos do que o normal.
A técnica mais consagrada atualmente é o “BYPASS” gástrico que consiste na redução do estômago e um desvio no intestino proporcionando perda de peso.
No ano de 2008, o SLEEVE surge como técnica mundialmente aceita pelas entidades médicas estando aprovado para sua execução. Através deste procedimento fazemos a retirada de parte do estômago, uma gastrectomia vertical onde se reduz o volume gástrico.
Como todo novo procedimento médico, a técnica do SLEEVE começou a ser realizada em maior escala e a cada congresso novos resultados animadores são apresentados fazendo com que mais cirurgiões realizem o procedimento e atestem para o seu sucesso. Hoje, o SLEEVE representa aproximadamente 30% das cirurgias realizadas pelo mundo.
Então nos últimos anos muito tem se discutido qual é a melhor técnica para ser realizada.
Vamos então a um breve comparativo entre os dois tipos de cirurgia:
“BYPASS” (”redução do estômago”): foi concebido em 1984, ou seja, há muitos anos conhecemos os resultados deste procedimento. Atualmente representa 70% das cirurgias realizadas no mundo, apresenta excelente resultado em perda de peso com menos consequências para o organismo do paciente, motivo pelo qual se tornou a cirurgia considerada padrão.
Quando falamos em resultado, temos a expectativa de perda de peso em torno de 80 a 90 % do excesso de peso no “BYPASS”. Os resultados iniciais do “SLEEVE” nos primeiros anos tem se mostrado semelhantes, porém com uma menor perda do excesso de peso e o fato de não termos a experiência de seguimento destes pacientes por tantos anos como o “BYPASS”, ou seja, necessitamos de um acompanhamento maior para podermos atestar seu grau de efetividade.
Quando pensamos nas doenças que acompanham a obesidade, principalmente o Diabetes, é sabido que o “BY-PASS” será mais indicado pois na parte intestinal da cirurgia é que ocorrem os mecanismos de cura desta doença, atingindo este resultado em até 92% dos pacientes operados. O “SLEEVE”, por não ter a parte intestinal, apresenta resultado inferior sobre o controle e a cura do diabetes. Os pacientes que apresentam doença do refluxo gástrico, com muitos sintomas como a “azia” e esofagite diagnosticada pela endoscopia, podem ter estes sintomas piorados pelo “SLEEVE” sendo o “BYPASS” mais indicado por ser um procedimento antirreflexo.
Outra diferença entre os dois procedimentos é que o BY-PASS se trata de uma cirurgia reversível ao passo que o SLEEVE não, podendo este no máximo ser convertido num BY-PASS.
Cabe sempre lembrar que o resultado de cada técnica é diretamente dependente da disciplina do paciente.
A cirurgia não faz milagres e não podemos atribuir o resultado à cada técnica e sim como cada paciente a utiliza para o seu sucesso.
Diante disso podemos concluir que não existe um procedimento único e absoluto, temos que adequar a melhor técnica para cada paciente dependendo de suas reais necessidades avaliando sempre índice de massa corporal, presença ou não de outras doenças e o desejo do paciente.