Será que eu tenho a doença do Refluxo Gastresofágico?
Os sintomas típicos de refluxo são pirose, relatada pela maioria dos pacientes como azia, e regurgitação ácida, que é o retorno do conteúdo ácido gástrico até a cavidade oral.
A Doença do Refluxo Gastresofágico (DRGE), é uma doença crônica, decorrente da volta ao esôfago de parte da secreção do estômago, provocando um variável grau de sintomas esofágicos, como dor retroesternal e azia, além de sintomas extra esofágicos como tosse crônica, levando um grande número de pacientes aos consultórios de especialistas como cirurgiões gerais, gastroenterologistas, pneumologistas e otorrinolaringologistas para uma avaliação.
É, na atualidade, uma das afecções crônicas mais importantes e frequentes na prática médica e responde por cerca de 75% das doenças do esôfago. Os sintomas típicos de refluxo são pirose, relatada pela maioria dos pacientes como azia, e regurgitação ácida, que é o retorno do conteúdo ácido gástrico até a cavidade oral. Algumas manifestações atípicas podem ocorrer, tais como as pulmonares sendo citadas a asma, tosse crônica, bronquites e pneumonias de repetição. Rouquidão, pigarro, sinusite crônica, aftas e halitose, podem ser também manifestação de refluxo.
Acredita-se que 25% dos pacientes apresentem sintomas otorrinolaringológicos antes do que os gastresofágicos. Uma série de exames podem ser realizados para o diagnóstico da DRGE, sendo o principal exame realizado a endoscopia digestiva alta. Outros exames complementares, como o RX contrastado esôfago gástrico e a medida do pH esofágico por 24hr, associado ao relato da história clínica pelo paciente, evidenciando a intensidade, duração, frequência e fatores desencadeantes dos sintomas, selam o diagnóstico de Doença do Refluxo Gastresofágico.
A doença não tratada pode evoluir e complicar. Esofagite erosiva pode levar a sangramento com anemia crônica. Outra complicação e a estenose esofágica, impedindo a passagem dos alimentos (disfagia), podendo provocar também dor ao engolir (odinofagia) e impactação dos alimentos. Uma complicação importante é o esôfago de Barrett, presente em cerca de 3 a 5% dos pacientes com refluxo gastresofágico, sendo o aspecto mais importante nesses casos, o risco potencial de desenvolvimento de adenocarcinoma (câncer) de esôfago. O tratamento da Doença do Refluxo Gastresofágico pode ser clínico e em alguns casos cirúrgico.
O tratamento clínico consiste em orientações tais como, elevar a cabeceira da cama, reduzir o peso em obesos, evitar deitar após as refeições, evitar refeições copiosas e muito gordurosas, evitar situações que aumentem a pressão intra-abdominal, reduzir ou suprimir o uso do álcool e fumo. As medicações mais usadas atualmente são os chamados bloqueadores de bomba protônica (omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, rabeprazol, esomeprazol), associados a drogas procinéticas, que melhoram a motilidade do esôfago, como a bromoprida e domperidona.
Antiácidos e os antagonistas H2 (cimetidina e ranitidina) podem também ser eventualmente usados. O tratamento cirúrgico deve ser indicado em pacientes que não respondem bem ao tratamento clínico, que precisam de doses contínuas de medicação e nos que se acham impossibilitados de dar continuidade ao tratamento medicamentoso, por intolerância, ordem econômica e pessoal.
A operação deve ser também indicada nas complicações como estenose, ulcerações e esôfago de Barrett. A intervenção cirúrgica consiste na recolocação do esôfago na cavidade abdominal, reaproximação dos pilares esofagianos (hiatoplastia) e envolvimento distal pelo fundo gástrico (fundoplicatura), sendo a técnica mais usada, a hiatoplastia com fundoplicatura à Nissen por videolaparoscopia.