Quando levar o meu bebê ao dentista?
As pessoas ainda estranham ver bebês indo ao consultório odontológico tão cedo, mas essa realidade felizmente está mudando, especialmente no Brasil, onde o atendimento odontológico à primeira infância (0 a 3 anos de idade) é motivo de orgulho por ser pioneiro no mundo.
Por conta disso listamos algumas perguntas sobre saúde bucal que costumam aparecer com frequência no consultório da cirurgiã-dentista, especialista em Odontopediatria e em odontologia estética-restauradora, Dra Elisa Tajara Fleury.
1- Quando deve ser a primeira consulta do bebê ao dentista?
Dra Elisa: É muito importante que os bebês façam a primeira consulta ao odontopediatra no primeiro ano de vida. Essa é a recomendação da sociedade brasileira de pediatria médica, inclusive. Nesse momento o profissional deve transmitir várias informações importantes aos pais sobre saúde bucal, prevenção e cuidados que deverão ser feitos em casa. Muitas dicas e dúvidas costumam surgir nessa primeira consulta e devem ser esclarecidas para que a família tenha informações e motivação para prevenir problemas bucais. Orientação de dieta, questões sobre chupeta e mamadeira, higiene bucal. Tudo isso é abordado nesse momento.
Considero que a idade ideal da primeira consulta ao odontopediatra seja entre 4 e 6 meses de vida, antes da introdução de outros alimentos, além do leite materno.
2- Quais são os principais problemas bucais na infância que poderão ser prevenidos?
Dra Elisa: A principal doença bucal que acontece na infância ainda é a cárie dentária, que é doença totalmente prevenível quando se tem hábitos saudáveis de dieta e higiene.
Apesar de todo o conhecimento atual sobre a doença e seus métodos de prevenção, ainda é muito comum em crianças de diversas idades e níveis socioeconômicos.
Porém, temos que olhar muito além dos dentes. Nós, odontopediatras, devemos acompanhar o crescimento e desenvolvimento de todas as estruturas da boca (dentes, gengiva, músculos, ossos maxilares, articulações por exemplo). Essas estruturas estão ligadas e, quando alteradas, comprometem o sistema mastigatório, a fala, a respiração, funções básicas do corpo. Enfim, quando há desequilíbrio, o crescimento facial harmônico da criança pode ficar comprometido.
3- Não sei se entendi, quais são os problemas odontológicos que podem ser prevenidos além da cárie?
Dra Elisa: Podemos prevenir diversos problemas relacionados às arcadas dentárias: problemas ortodônticos futuros, falta de espaço para os dentes permanentes, assimetrias do rosto, problemas mastigatórios, por exemplo, crianças que mastigam preferencialmente só de um lado, etc. Todas essas informações devem ser observadas pelo profissional e, corrigidos o mais precocemente possível.
Aproximadamente 80% do crescimento da face ocorre até os 6 anos de idade, e a posição dos dentes é fator fundamental para que isso ocorra de maneira adequada. Muitas alterações prejudiciais podem ser evitadas com uma simples orientação, com pequenas correções feitas em crianças pequenas.
A cárie dentária é ainda a doença mais prevalente na infância e devemos cuidar disso com todo empenho e conhecimento, porém, é um grande erro pensar somente nesse aspecto pois a saúde bucal é um conceito muito mais amplo.
4- E para finalizar, o que fazer se a criança chorar nas consultas?
Dra Elisa: O choro deve ser encarado com serenidade. Em crianças pequenas, o choro é normal, sendo uma forma de comunicação diante de algo que a desagrada.
Sempre de forma respeitosa, vamos contornando a situação e fazendo o que é necessário e benéfico pra a criança.
Com o passar do tempo, após o desenvolvimento da fala, costuma ficar mais fácil, pois a criança é capaz de verbalizar e entender a relação de causa-efeito. Após os 3 anos de idade, fica tudo muito mais fácil, especialmente quando foi possível fazer prevenção. O vínculo de confiança entre a família e o profissional também é fundamental. Quando tudo isso caminha junto é maravilhoso!