Publicidade Médica Quais são os limites éticos?
O atual mundo globalizado vem exigindo uma maior inserção do profissional médico na mídia, no sentido de orientar a população e até mesmo de contrapor a alguns absurdos colocados e ao crescente charlatanismo propagado, sem, no entanto, ultrapassarmos os limites do bom senso, das evidências científicas e, sobretudo, do conteúdo educativo, evitando, sempre, o sensacionalismo e a autopromoção.
A Medicina, uma profissão de meios e nunca de fins, tem na veracidade das informações fornecidas pelo profissional e na relação médico- paciente, dois de seus maiores pilares de sustentação, desde a era de Hipócrates. Não podemos permitir e, muito menos participar de informações que sejam divulgadas de acordo com a conveniência de terceiros (laboratórios, empresas, planos de saúde...) e, também, não devemos nos omitir em envidar todos os esforços, no sentido de preservar a boa relação médico-paciente, mesmo sendo vitimados pela ação insana de Operadoras de Saúde e de Agentes e Projetos Políticos que trabalham na lógica do lucro e da quantidade (em detrimento da qualidade), obrigando-nos, muitas vezes, a fazermos atendimentos com limitações de recursos terapêuticos (exames) ou, ainda, a fazermos atendimentos relâmpagos, devido à grande demanda. Não sabemos o que é pior.
Por isso, nós médicos, temos o dever de preservar o bom nome e o conceito da, ainda, tão respeitada Medicina. Sempre que fizermos uma publicidade, publicarmos um texto/trabalho ou aparecermos na mídia, devemos ter o compromisso com a verdade e, sempre, a obrigação de informar adequadamente o público, isso tem que prevalecer.
Alguns artigos do Código de Ética Médica – Capítulo XIII e a Res. CFM 1974/2011, que disciplinam a Publicidade Médica, trazem nos seus dizeres os limites éticos, para os quais devemos nos atentar quando de nossas informações, anúncios ou aparições na mídia. Com argumentações sólidas, essas normas orientam e nos ensinam sobre como nos portarmos e o “por que” de nós médicos, entre outras obrigações, não podermos expor nossos pacientes (quebra de sigilo), divulgar fotos do “antes e depois” (promessa de resultados), ter vínculo com intermediadoras e com cartões de descontos (mercantilismo), atrelar com farmácias, laboratórios, óticas e indústrias (vínculo comercial e suspeição) e, até mesmo, “por que” devemos evitar o sensacionalismo e a autopromoção (concorrência desleal).
Enfim, mesmo com o mundo globalizado, não podemos perder os nossos propósitos enquanto médicos e, devemos lembrar, sempre, que “ética” é um conjunto de valores que vem de dentro e, como tal, ela deve ser praticada, na sua plenitude, no nosso dia a dia, pois só assim estaremos resgatando e mantendo o respeito que nos está sendo tirado.
Afinal, respeito e ética, é o mínimo em nome da Medicina.