Psiquiatra Médico de Loucos?
Hoje, o termo científico usado para as patologias da mente é “transtorno mental”, e conforme nosso conhecimento sobre as causas biológicas desses transtornos vai aumentando, a tendência é que os transtornos mentais sejam tratados cada vez mais como as outras “doenças” do corpo das quais trata o restante da medicina.
Vamos admitir: a maioria das pessoas, quando considera procurar um psiquiatra, tem medo de que procurar este profissional significa ser visto como louco. Isso está longe da verdade. O termo “loucura” deixou a ciência há séculos, e hoje só é usado para aumentar o preconceito contra os indivíduos com quadros psiquiátricos e aqueles que os tratam. Hoje, o termo científico usado para as patologias da mente é “transtorno mental”, e conforme nosso conhecimento sobre as causas biológicas desses transtornos vai aumentando, a tendência é que os transtornos mentais sejam tratados cada vez mais como as outras “doenças” do corpo das quais trata o restante da medicina. E, ainda, existem doenças do corpo que podem ser causa, ou consequência, de sintomas mentais. O psiquiatra, por ser médico, consegue diferenciar, diagnosticar e gerenciar o tratamento dessas condições orgânicas.
Desde o início das observações metódicas das doenças humanas na Grécia Antiga, os transtornos da mente são vistos junto às doenças do corpo. Mesmo a Bíblia Sagrada não separa corpo e mente, como em Deuteronômio 28: 27-28: “O Eterno te ferirá com úlceras do Egito, com tumores, crostas e sarnas que não poderás curar. O Senhor te ferirá com distração, cegueira e demência”. Distração, aqui, é usada no sentido de perda da capacidade de decisão, sentido que até hoje condiz com um dos pontos mais importantes para o diagnóstico de um transtorno mental: a perda da capacidade de decidir ou agir normalmente.
Tristeza incapacitante, ouvir vozes sozinho, ver o que outros não veem, paranoia de que outros o atacarão, impulsividade destrutiva, desatenção e distração que reduzem rendimento na escola ou trabalho, pensamentos e comportamentos homicidas ou suicidas, ataques de pânico ou ansiedade social: todos esses sintomas parecem caóticos e aterrorizantes, tanto para o público leigo como para profissionais da saúde não-psiquiatras, e isso faz com que o medo de tais sintomas seja projetado em quem cuida deles. Por isso surgem os estereótipos e discriminações.
A realidade é que a nossa mente merece ser tratada da mesma forma que nosso corpo. Se alguém quebra a perna, deveria-se rejeitar os auxílios da ortopedia que possibilitam a cura adequada desta perna? Claro que não! Todos procuram ajuda médica para fixar a fratura, com imobilização, gesso e até cirurgia. Apesar das doenças da mente não terem o mesmo caráter óbvio de um osso quebrado, o tratamento da mente também envolve os melhores métodos que a psiquiatria tem a oferecer, desde a escuta longa e atenta, o diagnóstico, e o tratamento mais correto da condição do paciente.
No mundo de hoje o adoecimento mental tem sido cada vez mais frequente e o psiquiatra tem se tornado cada vez mais importante e útil. Ao contrário do que diz o senso comum, o tratamento psiquiátrico melhora muitos dos sintomas dos pacientes, e frequentemente de forma rápida, em semanas ou poucos meses. Embora alguns transtornos sejam incuráveis, os avanços no tratamento, seja com medicações ou procedimentos, conseguem estabilizar a maioria dessas condições e resgatar, às vezes totalmente, a qualidade de vida da pessoa.
Loucura é não procurar ajuda para o sofrimento mental. E nós, psiquiatras, estamos preparados para te ajudar!