Pais imperfeitos Fazemos o que damos conta de fazer
À medida que o cotidiano se transforma, o questionamento retorna ao quão adequada é a educação e o tratamento que pais e escolas estão dando às crianças e aos adolescentes.
Jamais, na história humana, tantas mudanças foram incorporadas de forma tão rápida e definitiva. Isso que facilita nossa vida por um lado, gera culpas e inseguranças por outro. Porque esquecemos que um equipamento, por mais avançado e sofisticado, nunca substituirá a tão imperfeita presença humana, porque é na imperfeição, no erro e na vulnerabilidade que aprendemos, inovamos e criamos.
Laços fortes são construídos desde que assumimos a possibilidade de nos tornarmos pais e mães. Por isto, o papel de pais deve ser abraçado humanamente e conduzido pessoalmente. Nossos filhos não serão convencidos por belos discursos, mas serão arrastados por nossas atitudes. O olhar fascinado, apaixonado, admirado vale mais que a foto. Mais que a postagem, o registro na sua memória, não só será lembrado para sempre, como nos transforma mexendo com o que sentimos. Essas trocas sutis e delicadas são a permissão que nossas crianças nos dão para sermos seus pais, cuidadores, responsáveis, modelos, refúgio, abrigo, segurança e fonte de afetos.
Para conseguir realizar nossa tarefa de pais, temos que estar presentes e atentos, capazes de uma escuta ativa, respeitosos com aquela pessoa que aprenderá muito mais com o que somos que com o que temos ou sabemos. Acertar na educação dos filhos requer atenção aos detalhes, limites, rotina estruturada, horários definidos e, o mais importante dos presentes: nossa presença!
Existe muita preocupação com vestibular, mas a função da educação está em preparar as pessoas para uma vida integrada e produtiva, na qual o vestibular é apenas um rito de passagem. Se seus filhos tiverem uma infância criativa, saudável e feliz, certamente terão uma adolescência mais serena e superarão cada fase sem grandes dificuldades. Tanto o momento da escolha do curso, como da passagem pelo crivo das provas, serão encarados de forma mais natural.
Pais não são perfeitos e, ao assumirmos nossas imperfeições e vulnerabilidade, conquistamos a liberdade de sermos nós mesmos. Isto é exatamente o que nossos filhos precisam: pais de carne e osso, seres humanos, em desenvolvimento durante toda a vida, que escolheram evoluir e crescer na companhia daqueles que trouxeram ao mundo.