O que aprendi com o Câncer de mama
Outubro Rosa: Movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama, o Outubro Rosa foi criado no início da década de 1990 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure.
A data é celebrada anualmente, com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade.
Mas porque, eu, médica Dermatologista estou abordando esse tema? Pois em 2017 fui diagnosticada com câncer de mama. Na época tinha 37 anos, uma mulher jovem, em plena capacidade profissional, cheia de sonhos. Busquei assistência médica especializada, os quais foram maravilhosos. A minha indicação foi começar com quimioterapia antes da cirurgia. Reagi muito bem a todo o tratamento. Sem histórico familiar de câncer de mama, antes da quimioterapia, fizemos várias pesquisas genéticas para avaliar se havia alguma mutação que predispusesse o câncer (as mais conhecidas são as mutações dos genes BRCA 1 e 2), mas nenhuma mutação foi encontrada.
Por obra do destino eu, antes de tudo isso acontecer, já estava à procura de algo a mais para ajudar meus pacientes na dermatologia para buscar melhor tratamento (tratamentos mais personalizados) e prevenção do aparecimento de patologias como as doenças autoimunes, alergias, doenças inflamatórias crônicas ex: psoríase.
E depois da descoberta do meu câncer de mama fui mais a fundo nos meus estudos para entender melhor algumas possíveis causas do porque adoecemos e da importância do nosso estilo de vida e da nossa capacidade de destoxificar e antioxidar, que vai além de ter genética positiva ou negativa para alguma doença.
Após muita pesquisa e estudo que percebi a importância do termo epigenética, ou seja, o meio ambiente interferindo na sua genética agindo a favor ou contra você, silenciando ou ativando “genes ruins”. Muitas pesquisas têm sido feitos para entendimento e tratamento de cânceres e outras patologias que ocorrem devido à alterações nos mecanismos epigenéticos das células.
Com isso entendemos o porquê que nosso estilo de vida, sensibilidades alimentares, alteração da microbiota intestinal, estresse, deficiência de vitaminas e minerais e nossa capacidade de antioxidar e destoxificar, influenciam de forma positiva ou negativa na sua genética. Ou seja, o meio ambiente interferindo na sua genética, isso é epigenética.
Hoje com os avanços na medicina há testes genéticos que analisam como metabolizamos carboidratos, lipídios e proteínas e também nos dão informações genéticas sobre o metabolismo, a absorção e o transporte das vitaminas e minerais, sensibilidades alimentares e da nossa capacidade Antioxidante e Destoxificante. E, é claro, fiz o meu teste, e encontrei alteração genética para intolerância à lactose e um comprometimento da minha capacidade antioxidante.
Depois de todo esse conhecimento decidi falar sobre esse assunto de extrema importância, pois hoje tenho esse cuidado não só comigo, mas com todos os meus pacientes que me procuram para um envelhecimento saudável e para aqueles que estão apresentando alguma patologia. Pensando sempre que temos que cuidadosamente conhecer a história clínica do paciente, nos seus múltiplos aspectos, quais sejam, biológico, metabólico, nutricional, psicológico e considerando interações genéticas, fatores ambientais e de estilo de vida, que podem influenciar não apenas na ocorrência de doenças, quanto na saúde a longo prazo.
É Outubro, o mês rosa de prevenção e conscientização do câncer de mama. Temos sim que realizar autoexame e exames de detecção precoce, mas é de primordial importância saber que prevenir o câncer de mama significa diminuir ou eliminar a exposição da mulher aos fatores de risco a fim de reduzir a possibilidade da ocorrência da doença ao longo da vida.