O que é LER ou DORT?
Lesão por esforço repetitivo ou doença ocupacional relacionada ao trabalho, (LER, DORT), são expressões que se consagraram pelo uso, para designar de forma genérica um conjunto de afecções que atingem os trabalhadores e, de forma preferencial, os seus membros superiores.
No quadro geral dos sintomas que apresentam aparecem: dor, fadiga, queda no desempenho e, até, incapacidade funcional temporária ou permanente.
São quatro as principais causas que determinam o desenvolvimento das lesões:
• Uso repetitivo de grupos musculares;
• Uso forçado de grupos musculares;
• Manutenção de posturas inadequadas durante a execução do trabalho;
• Compressão mecânica, como pelo uso inadequado de ferramentas.
Tais fatores estão cada dia mais presentes em atividades de várias áreas, tornando as “DORT/ LER” um importante problema de saúde para os trabalhadores.
Há muitos tipos de “LER /DORT”, com nomes diferentes, dependendo do local ou da estrutura interna afetados pela inflamação. São as “cérvico- braquialgias, tendinites do ombro, síndromes do desfiladeiro torácico, epicondilites, síndrome do pronador redondo, tenossinovites dos antebraços, síndrome do túnel do carpo, Síndrome do túnel ulnar, cistos sinoviais, dedos em gatilho”, e tantas outras que, uma vez ignoradas, far-se-ão notar pela característica crônica dos sintomas e a incapacidade que causam.
Tais patologias podem surgir em trabalhadores de qualquer ramo de atividade onde estejam presentes os fatores de risco causadores da doença. Estatísticas mostram as funções mais atingidas: digitadores, caixas de banco e de comércio, escriturários e datilógrafos, trabalhadores em linhas de montagem, telefonistas, motoristas, açougueiros, carpinteiros, entre outras.
Além das causas citadas, poderíamos colocar como adendo ao risco de desenvolvimento das lesões:
• Trabalho automatizado, no qual o trabalhador não pode controlar o ritmo de produção;
• Jornadas de trabalho prolongadas, com frequente exigência de horas-extras ou dobras de turno;
• Ausência de pausas para descanso durante a jornada de trabalho;
• Hierarquia rígida, normas de trabalho autoritárias e pressão permanente de chefias;
• Mobiliário e instrumentos de trabalho inadequados ao desempenho das tarefas;
• Trabalho fragmentado ao qual cada trabalhador realiza sempre as mesmas tarefas de forma repetitiva;
• Ambiente de trabalho frio, com excesso de ruídos e mal ventilado;
• Concentração nas tarefas por longos períodos e situações de tensão mental permanente.
Sinais e sintomas começam, na maioria das vezes, com a sensação de cansaço, peso e desconforto, durante e após a jornada de trabalho. No início, a sensação melhora com o repouso. Com o tempo, porém, pode evoluir para:
• Dor indefinida, peso nos braços e no pescoço;
• Formigamento, fisgadas, choques;
• Dormência, inchaços, vermelhidão na pele, calor localizado;
• Perda de força muscular.
Se a pessoa continua a mesma atividade, sem tratamento, as dores podem ir se tornando cada vez mais intensas, prejudicando e até impedindo o sono e atividades simples do dia a dia. Em geral, o afastamento do trabalho acaba sendo inevitável. A dor, o afastamento do trabalho e as limitações provocadas pelas “DORT/LER” também causam sofrimento psíquico, que se manifesta através de insônia, irritabilidade, instabilidade emocional, angústia e depressão.
O diagnóstico da patologia é feito a partir de um exame físico bem feito e com uma correlação entre os sintomas e a atividade do trabalhador. Os exames complementares mais utilizados na identificação das “DORT/LER”, são o ultrassom e mais recentemente a ressonância nuclear magnética, exames estes que devem ser avaliados de forma muito crítica, uma vez que nem sempre são positivos embora o trabalhador possa estar padecendo de sintomas importantes.
O tratamento tem como medidas cabíveis, então o afastamento do trabalho, a imobilização da mão ou membro afetado, a prescrição de medicamentos contra dor, fisioterapia, acupuntura e técnicas de trabalho em grupo com alongamentos. Os casos avançados podem evoluir para formas crônicas e incapacitação permanente.
Mesmo com o trabalho adequado a doença pode reaparecer, se o trabalhador retornar às atividades repetitivas e mesmas condições de risco. Tem-se divulgado que a melhor maneira de lidar com o problema é evitando o seu aparecimento e, para evitar uma doença causada por tantos fatores de risco, não bastam apenas melhores equipamentos e mobiliário ou simples exercícios de relaxamento durante a jornada de trabalho. É preciso mudar a forma como o trabalho é executado e estruturado. É fundamental melhorar a ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO.
Há alguns cuidados que ajudam a evitar as “DORT/LER”:
• Controle do ritmo de trabalho pelo próprio trabalhador;
• Pausas durante as jornadas de trabalho;
• Controle de temperatura ruído e iluminação;
• Enriquecimento das tarefas, rodízio de atividades.
• Realização de exames médicos periódicos.