Nutrição celular para prevenção de câncer colorretal
O corpo humano é formado por trilhões de células que se multiplicam diariamente para a manutenção dos tecidos de nosso corpo. Entretanto, determinadas situações, podem fazer com que essas células percam a capacidade de controlar seu crescimento e passem a se multiplicar de forma desordenada e acelerada, fornecendo características aberrantes denominada: “Câncer”.
O câncer de intestino, também conhecido como câncer colorretal, abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso e no reto (final do intestino, imediatamente antes do ânus) e ânus. É um dos cânceres mais comumente diagnosticados, podendo ser tratado e curado se descoberto precocemente.
Dentre as principais causas para este tipo de tumor, destaca-se fatores genéticos (herdados de nossos pais) e fatores epigenéticos (fatores externos que podem alterar a transcrição gênica). Em relação aos fatores epigenéticos reconhecidos no processo de carcinogênese ressalta-se alimentação, estilo de vida (tabagismo, estresse e sedentarismo), e fatores ambientais (agrotóxicos e poluição). Assim como, infiltração de células inflamatórias nas células que influenciam o microambiente para promover a proliferação tumoral, sobrevivência e metástase.
Estima-se que 30% a 40% dos diferentes tipos de câncer sejam causados pelo padrão dietético atual. A ciência evidencia forte correlação entre câncer colorretal e consumo excessivo de gorduras, proteínas (principalmente de origem animal), carne processada (embutidos) e consumo de álcool (mais de 30g/dia). Adicionalmente o excesso de calorias vazias provindos de uma dieta pobre em antioxidantes, vitaminas e minerais, rica em glicose (doces e carboidratos simples) favorece a obesidade que por sua vez leva a um aumento da inflamação local e sistêmica, além de resistência a insulina. A presença de células resistentes à insulina resulta em hiperinsulinemia e hiperglicemia, dois fatores promotores do tumor, assim como a inflamação mencionada.
Por outro lado, dieta rica em frutas, verduras e legumes contém antioxidantes naturais que favorecem a eliminação de radicais livres e evitam danos ao DNA humano, protegendo contra o tumor. Adicionalmente, alguns micronutrientes como zinco, selênio, flavonoides, curcumina, resveratrol, sulfarofanos, alicina, demonstram atividade direta contra células tumo rais. Ressalta-se ainda que a fermentação de carboidratos complexos não digeríveis, como fibra alimentar, pelas bactérias comensais podem produzir ácidos graxos de cadeia curta, que atravessam o epitélio intestinal e alcançam a lâmina própria, moldando diretamente as respostas imunológicas da mucosa. Desse modo, alguns tipos de fibras, podem ser suplementadas em cápsulas de 250 a 500 mg por dia e apresentam redução dos níveis de calprotectina fecal (um marcador de inflamação intestinal). Assim como uso direto de algumas cepas de probióticos tem demostrado redução de moléculas pró-inflamatórias e marcadores de proliferação celular. Desse modo, trabalhar em sinergia e em conjunto com a reeducação alimentar, são estratégias terapêuticas em potencial para restaurar a saúde ou prevenir o aparecimento da doença.
Cada pessoa come ao longo de sua vida em torno de uma tonelada de alimento, com certeza o que ela está ingerindo exerce grande influência em seu DNA (herdados de seus pais) e pode fazer a expressão ou não de genes que foram herdados, dentre eles a suscetibilidade ao câncer. Por outro lado, as escolhas certas (de acordo com a sua individualidade) podem atuar suprimindo esses genes, modulando a microbiota intestinal, regulando fatores fisiológicos e sistema imunológico. Desse modo, o simples fato de mudar sua dieta pode reduzir significativamente a chance de desenvolver o câncer colorretal, melhorar qualidade de vida após o tratamento, e minimizar os efeitos adversos de quimioterapia e radioterapia durante o tratamento.
Vale ressaltar que de acordo com as características genéticas, assim como uso de algumas medicações podem alterar a necessidade fisiológica dos nutrientes para que se tenha a resposta esperada. Portanto seu plano alimentar, assim como uma suplementação quando necessária, deve ser elaborada de forma personalizada para a sua necessidade. Procure um nutricionista celular para uma avaliação e tratamento individualizado.