Novas metas de controle de Colesterol. Maior rigidez na prevenção da aterosclerose
Em agosto deste ano, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) publicou uma importante atualização na “Diretriz de Dislipidemia e Controle da Aterosclerose” que pode mudar algumas condutas médicas no sentido de maior rigidez nos níveis considerados aceitáveis de colesterol e triglicérides.
Valores antigamente aceitáveis como “normais” e “levemente alterados” agora estão na mira dos cardiologistas, fazendo com que se inicie o tratamento cada vez mais precoce e modificando algumas terapias de controle.
Antes desta publicação, os níveis considerados aceitáveis de colesterol total era de 200mg/ dl, sendo necessário quantificar níveis de LDL abaixo de 130 mg/dl para a população em geral, abaixo de 100mg/dl para os diabéticos e abaixo de 70mg/dl para aqueles que sofrem de aterosclerose.
Com a nova publicação, foram implantadas metas de acordo com a classificação de risco cardiovascular. Esta classificação é definida pelo cardiologista de acordo com variáveis de cada paciente. São considerados pacientes de risco muito alto aqueles que já tiveram infarto, AVC ou amputações de membros por isquemia, sendo obrigatórios valores de LDL abaixo de 50mg/dl. Pacientes de alto risco são portadores de doenças crônicas como diabetes, insuficiência renal crônica, história familiar de doença cardiovascular e fatores associados à hipertensão e ao tabagismo, sendo toleráveis valores de LDL abaixo de 70mg/dl. Para aqueles cujo risco é intermediário e baixo, as metas se mantém as mesmas, 100mg/ dl e 130mg/dl, respectivamente. Para valores de triglicérides, a meta se mantêm a mesma, menor que 150mg/dl.
O colesterol é uma biomolécula pertencente à família dos lipídeos, também conhecido como gorduras. É matéria-prima na formação de hormônios, sais biliares e da vitamina D e, em associação com algumas proteínas, são responsáveis pelo seu transporte pelo sangue. São as chamadas lipoproteínas, divididas em lipoproteínas de alta densidade (HDL) e de baixa densidade (LDL, VLDL e triglicerídeos). O LDL, também conhecido como “colesterol ruim” lentamente se deposita nas camadas internas das artérias, formando a placa aterosclerótica, responsável pela obstrução das mesmas e levando principalmente ao acidente vascular cerebral (AVC) e ao infarto agudo do miocárdio (IAM).
O HDL, também conhecido como “colesterol bom”, é responsável pela limpeza do organismo, removendo o excesso de colesterol da placa aterosclerótica, retardando ou inibindo a sua formação, além de facilitar o seu metabolismo. Concentrações elevadas de HDL protegem o indivíduo contra o infarto do miocárdio. Concentrações baixas de HDL, inferiores a 40 mg/dl, aumentam o risco de doença cardiovascular.
A dislipidemia trata-se de uma doença metabólica multifatorial, podendo ser de origem genética primária (hipercolesterolemia familiar) ou de origem secundária, decorrente de estilo de vida inadequado e fatores de risco, como obesidade, diabetes, tabagismo, etilismo, sedentarismo, insuficiência renal crônica, hipotireoidismo e alguns distúrbios alimentares.
O controle alimentar associado a atividades físicas parece ser a melhor forma de prevenir este mal. Alimentos ricos em açúcar, sódio, gorduras saturadas e trans são altamente nocivos, pois aumentam os riscos do acúmulo de gorduras e desenvolvimento das placas de aterosclerose.
As alterações do colesterol são muitas vezes silenciosas, podendo ser diagnosticadas tardiamente e já em vigência de alguma doença mais grave. O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais de rotina, atualmente, não sendo mais obrigatório o jejum de 12h. Independente das metas, o melhor caminho está na prevenção!