
Neuromodulação: o cérebro no centro do cuidado
Neuromodulação: o cérebro no centro do cuidado
A busca por soluções mais eficazes para o alívio da dor e a recuperação funcional tem ganhado um novo aliado: a neuromodulação. Na visão da Dra. Marilia Funes, referência na área, trata-se de um avanço que pode mudar completamente a trajetória de pacientes com dores crônicas, distúrbios neurológicos e sequelas motoras.
"Neuromodulação é basicamente reorganizar como o sistema nervoso se comunica com o corpo", explica. A técnica atua através de estímulos, que podem ser elétricos ou magnéticos, para ajustar a resposta neural e promover melhora funcional.
O interesse da Dra. Marilia por essa abordagem surgiu da prática clínica, ao lidar com pacientes que, mesmo após vários tratamentos convencionais, continuavam com dor e limitações. "Eu comecei a buscar alternativas quando percebi que a resposta dos pacientes estava aquém do esperado. A neuromodulação me chamou atenção pelos resultados reais, mensuráveis."
A aplicação é ampla, mas o foco principal são os pacientes com dor persistente — especialmente aquelas de origem musculoesquelética e neuropática. Também tem se destacado no tratamento de pessoas que sofreram AVC. Nestes casos, a técnica é aplicada de forma estratégica. "Trabalhamos com dois caminhos: o periférico, em que atuamos diretamente no músculo ou nervo, e o top-down, que modula o cérebro para reorganizar os comandos motores e sensoriais."
Cada protocolo é personalizado. Nada de soluções genéricas. Segundo a especialista, tudo começa com uma investigação clínica detalhada: "A gente avalia o histórico, os sintomas, o comportamento da dor, a resposta neuromotora... é uma leitura profunda do paciente. Só depois traçamos o plano de neuromodulação e, muitas vezes, associamos outras técnicas ao processo."
Essas associações são uma parte importante da abordagem. A neuromodulação não exclui, mas potencializa. Fisioterapia, exercícios específicos, práticas integrativas e terapia manual são exemplos comuns que se somam à estratégia terapêutica. "A neuromodulação funciona como um catalisador. Ela prepara o terreno para que outras abordagens tenham mais efeito. E o paciente sente isso — sente menos dor, mais força, mais controle."
A melhora funcional e a redução da dor andam lado a lado com um benefício maior: qualidade de vida. "Quando a dor perde força, o paciente volta a fazer coisas simples: andar melhor, dormir melhor, ter mais disposição. Isso muda tudo."
Segundo A Dra. Marilia, os resultados podem surgir já nas primeiras sessões, mas é o acompanhamento contínuo e bem direcionado que sustenta os ganhos a longo prazo. “A constância é fundamental. A neuroplasticidade existe, mas precisa ser conduzida com inteligência e paciência.”
Mais do que uma técnica, ela enxerga a neuromodulação como parte de uma nova visão de cuidado. Menos foco em sintomas isolados, mais atenção ao funcionamento do corpo como um todo — com o cérebro no centro da reabilitação. “Estamos entrando em uma nova fase da saúde, onde tratamos o paciente com mais precisão e profundidade. E isso começa pelo sistema nervoso.”
Para a Dra. Marilia, ainda há muito a ser explorado. A neuromodulação abre caminho para intervenções mais personalizadas, associadas à inteligência artificial, ao mapeamento cerebral avançado e à integração com tecnologias de biofeedback. “Estamos só arranhando a superfície. Com mais pesquisa e mais acesso, a neuromodulação pode redefinir o cuidado com a dor, com o movimento, com a autonomia das pessoas.”
No centro dessa transformação está uma ideia simples, mas poderosa: reabilitar o cérebro é reabilitar a vida.