Lombalgia
A lombalgia, ou dor nas costas, é a doença mais frequente e comum no consultório de ortopedia. Aproximadamente 80 % da população adulta (acima de 25 anos) apresentará uma crise de dor na lombar durante a vida, e cerca de 30 a 40 % dessas pessoas irão apresentar dores recorrentes na coluna lombar, com crises anuais limitantes, porém passageiras.
Apesar da intensidade da dor, do desconforto e da preocupação que essa doença gera no paciente, é importante salientar que a grande maioria terá uma excelente evolução, com total recuperação após o período de dor (geralmente de 5 a 15 dias), e sem a necessidade de tratamentos intervencionistas, bem como, sem a necessidade de realização de exames de imagem (radiografias, tomografia ou ressonância).
Ao apresentar dor lombar, é fundamental a avaliação de um médico especialista, que através da consulta, com exame físico, anamnese (história médica coletada em entrevista) e antecedentes do paciente será capaz de realizar o diagnóstico e iniciar o tratamento, geralmente com medicações para dor, repouso de curto período (de 2 a 4 dias), medidas de reabilitação (fisioterapia, terapias manuais, RPG, pilates ou osteopatia), e retorno precoce a vida normal que o paciente apresentava anteriormente a crise.
O período de repouso não deverá ser prolongado, uma vez que essa indicação de repouso absoluto aumentará as chances de recidiva da dor lombar, além de atrasar a recuperação e o retorno as funções e atividades de vida diária do paciente.
A dor lombar simples muitas vezes ocorre devido a uma associação de fatores, como sedentarismo, obesidade, tabagismo, vícios posturais (tanto no ambiente de trabalho como em casa), esforço físico realizado sem preparo e com a “mecânica” incorreta (como levantar pesos do chão com os joelhos estendidos). Assim, a realização de exames de imagem torna-se desnecessária na grande maioria das vezes. Geralmente essa dor não apresenta nenhuma alteração anatômica por trás da sua causa, logo, a procura de uma “protrusão de disco”, “escoliose”, “espondilolistese” ou mesmo um tumor na coluna através de exames será desnecessária e eventualmente prejudicial ao paciente.
Atualmente, a medicina preventiva nos mostra que a realização de exames desnecessários pode prejudicar a saúde do paciente, seja através da radiação do exame (como nos casos de radiografias ou tomografias), medicações utilizadas nos exames (contrastes) ou mesmo através de diagnósticos de alterações que não causam sintomas nos pacientes, o que chama-se de “achados de exames” (são alterações assintomáticas, que causam preocupação desnecessária e muitas vezes procedimentos invasivos sem a real necessidade).
Algumas situações necessitam investigação adicional: pacientes muito jovens ou idosos; acidentes ou traumas; febre associada; perda de peso; antecedentes de doenças graves (como tumor ou câncer, mesmo que já em estágio de cura); queixas neurológicas; dor por mais de 6 semanas de duração ou nas situações em que o médico suspeita de alguma doença mais severa devido ao exame físico. Nessas situações a realização de exames adicionais irão beneficiar o paciente no diagnóstico e podem mudar o tipo de tratamento dependendo da doença diagnosticada, com a indicação de bloqueio de dor, cirurgias convencionais ou mesmo cirurgias via endoscópica avaliadas caso a caso.