Infecções Respiratórias de Repetição. O que é e por quê?
Infecções respiratórias de repetição (IRR) são muito frequentes na prática clínica pediátrica e acometem número significativo de crianças com menos de 6 anos de idade. Os critérios mais utilizados para definir IRR são a ausência de quaisquer doenças de base que justifiquem as infecções e, no mínimo, uma das seguintes condições: 1)seis ou mais infecções respiratórias por ano;2) uma ou mais infecções respiratórias mensais; 3) três ou mais infecções anuais do trato respiratório inferior (pulmões), aproximadamente metade das crianças com IRR é saudável, 30% têm alergia, 10% possuem patologias crônicas e 10% podem ter imunodeficiência.
Nesta entrevista o Dr. João Paulo vem explicar que as infecções virais e bacterianas são mais comuns no início da vida escolar das crianças, e que tais infecções preocupam mais na primeira infância, especialmente até os 3 anos e quando as crianças frequentam escola ou creche.
Com o passar dos anos principalmente após os 4 anos, as crianças criam mais resistência, é quando estas infecções respiratórias diminui visto que a criança já foi exposta a mais vírus, e também nesta faixa etária, o calendário vacinal já está completo para a maioria.
Por que, no primeiro semestre do ano, o risco de as crianças adoecerem é maior?
Nesse período, há maior circulação de vírus respiratórios, o que acontece entre os meses de março e junho. E as infecções respiratórias virais favorecem a baixa imunidade momentânea, o que favorece o surgimento de infecções bacterianas, e essas bactérias são as principais causadoras de otites, pneumonias e sinusites entre outras infecções.
As emergências devem ser evitadas?
As emergências pediátricas devem ser reservadas para situações de maior gravidade e quando a família não puder contar com o pediatra que acompanha a criança. A emergência é mais um local de transmissão de infecção, pois todos que estão à espera de atendimento estão doentes.
Há casos em que se recomenda tirar a criança da escola pela frequência com que ela adoece?
Para as crianças com infecções de repetição e que usam antibióticos mais de três vezes no semestre, a escola traz mais prejuízo do que benefício ai sim se houver condições de tirar a criança da escola, essas infecções vão desaparecer. Isso não é imunodeficiência (baixa resistência) e sim excesso de contaminação cruzada (de um coleguinha para o outro).
Principais causadores são os vírus ou bactérias?
Precisamos falar de coinfecção (quando o organismo sofre com duas ou mais doenças ao mesmo tempo). Sabe-se que cerca de 40% das infecções respiratórias, hoje em dia, são ocasionadas por mais de dois patógenos (agentes, como vírus e bactérias, que podem causar doenças). Ou seja, são ocasionadas por um vírus e uma bactéria, duas bactérias ou dois vírus, mas especialmente um vírus e uma bactéria. Um vírus pode atuar destruindo os mecanismos de defesa e, assim, facilita que uma bactéria exerça seu potencial patogênico (que pode causar doença).
O Dr. Joao Paulo ressalta que tais infecções na criança saudável na maioria das vezes, não têm curso prolongado ou complicado e ocorrem devido ao aumento da exposição a agentes infecciosos do meio ambiente em que a criança vive
Principais fatores de risco são:
• Frequentar creche ou escolinha;
• Irmãos mais velhos;
• Exposição à fumaça de cigarro;
• Poluição;
Casa com muitas pessoas.
O ideal é manter atenção redobrada, mas sem pânico. “A maioria das infecções respiratórias é autocurada. Aumento da ingestão de líquido, uso de analgésico, antitérmico e soro fisiológico para limpeza nasal são orientações que servem para essas situações”, diz Dr. João Paulo. Nesse contexto, repetir a máxima nunca é demais: qualquer tratamento deve ser prescrito e acompanhado pelo pediatra.