Fisioterapia Pélvica: Bexiga neurogênica e Bexiga Hiperativa
Normalmente a bexiga contrai para esvaziar quando está totalmente cheia. No caso de quem tem bexiga hiperativa, quando a bexiga está enchendo, ela já está enviando informações para o cérebro de que precisa ser esvaziada. A bexiga trabalha mais do que deveria ao longo de um dia, independente da quantidade de líquido ingerido. Em alguns casos ela pode estar associada à incontinência urinária de urgência.
Sintomas:
• Frequência urinária aumentada;
• Dor quando sente vontade de urinar que só alivia após ir ao banheiro;
• Urgência para urinar.
Causas
• Indivíduos que possuam cistite crônica, litíase, divertículos, tumores no sistema urinário, doenças inflamatórias, cistos, problemas neurológicos (AVC, parkinson, demências, traumatismo raquimedula entre outras doenças que possam afetar o funcionamento da bexiga.
Diagnóstico:
• Fazer exame urodinâmica, que analisa a funcionlidade da bexiga.
Tratamento
• O tratamento pode ser realizado através de medicações que diminuam a atividade em excesso da bexiga e com a Fisioterapia pélvica também tem importante papel no tratamento. Através do tratamento específico e não invasivo, é possível diminuir a ativação da bexiga, reorganizar a rotina com hábitos adequados de ingesta hídrica e maneira correta de eliminar a urina, técnicas para inibir as contrações da bexiga e aumentar o controle de ativação dos músculos que controlam a contenção de urina.
Bexiga Hiperativa
• A Bexiga Hiperativa ou Síndrome de Urgência é uma doença que pode afetar ambos os sexos, em qualquer idade, tendo causa multifatorial, sendo definida pela Sociedade Internacional de Continência (ICS), como uma doença do trato urinário inferior, caracterizada por uma urgência miccional, frequentemente associada ao aumento de frequência e noctúria, acompanhada ou não de incontinência urinária, na ausência de fatores metabólicos, infecciosos ou locais. A prevalência dos sintomas da Bexiga Hiperativa na população adulta de ambos os sexos chega a 17%, sendo que na mulher, durante o período de atividade menstrual pode apresentar uma prevalência entre 8 a 50%, evoluindo com o aumento da idade e atingindo até 80% das idosas.
No homem a patologia muitas vezes pode estar associada à hiperplasia prostática benigna e consequente obstrução intravesical.
A Bexiga Hiperativa não possui uma causa específica, podendo ocorrer devido a:
• Alterações neurogênicas – como lesões medulares, Esclerose Múltipla, Parkinson, Alzheimer, e doença vascular cerebral; Alterações não neurogênicas – como obstrução urinária, cirurgia pélvica anterior, hipersensibilidade aferente, defeito anatômico, alterações na inervação e no músculo detrusor;
• Casos idiopáticos, que são aqueles que não têm uma causa identificada e específica – como condições emocionais de ansiedade, estresse e depressão.
Sintomas
• Os sintomas da Bexiga Hiperativa incluem urgência, frequência, urge-incontinência, noctúria, disúria e hesitação pré-miccional secundária a uma frequência urinária aumentada, diminuição de jato urinário, baixo volume urinado por micção, polaciúria, micção em dois tempos e micção por contração involuntária do detrusor.
O tratamento conservador tem um papel fundamental podendo utilizar uma abordagem integrada, incluindo intervenções no estilo de vida terapia comportamental com psicólogo, e com fisioterapia pélvica exercícios da musculatura do assoalho pélvico, com o biofeedback, treinamento vesical, e eletroestimulação perineal. Os sintomas da Bexiga Hiperativa podem ser controlados com sucesso através do fortalecimento da musculatura pélvica, do treino da bexiga, de medicações, dentre outros. O diagnóstico é feito através do diário miccional e do estudo urodinâmico. O diário miccional é utilizado como um aliado no diagnóstico, na avaliação inicial e o estudo urodinâmico procura avaliar a presença da contração involuntária do músculo detrusor e outros parâmetros durante a fase da cistometria final do tratamento, afinal proporciona uma forma de reeducação na conscientização do paciente sobre seus vícios urinários e o funcionamento do seu trato urinário.
Tratamento com fisioterapia pélvica
De forma geral, a fisioterapia, vai incluir cinesioterapia específica com o treinamento dos músculos do assoalho pélvico, terapia comportamental, eletroestimulação vaginal, e exercícios de Kegel.
Treinamento dos Músculos do Assoalho Pélvico
O treinamento da musculatura do assoalho pélvico através de cinesioterapia é baseado na capacidade de contração dos músculos de forma a inibir, através de mecanismo reflexo, a contração do detrusor. Portanto, apresenta como princípio as contrações voluntárias e repetitivas do assoalho pélvico, aumentando a força muscular e, consequentemente, a continência urinária pelo estímulo da atividade do esfíncter uretral, sendo efetivo para a urge-incontinência na medida em que reforçam o reflexo de contração do assoalho pélvico, causando inibição da contração do detrusor. É um método que não apresenta contraindicações e nem efeitos colaterais, sendo realizado em grupo ou individualmente, com resultados eficazes para a melhora ou cura de muitos casos. Apresenta vários benefícios como melhora restauração e manutenção de força, resistência à fadiga, relaxamento, melhora no controle esfincteriano pela contração correta, aumento do recrutamento das fibras musculares do tipo I e II, coordenação muscular, e estímulo da funcionalidade inconsciente de contração simultânea do diafragma pélvico que leva ao aumento do suporte das estruturas pélvicas e abdominais prevenindo futuras distopias genitais.
Eletroestimulação Vaginal
A eletroestimulação vaginal utiliza eletrodos vaginais, sendo utilizado com uma frequência de corrente baixa.
Ocorre uma reorganização do sistema nervoso central, de forma a inibir as contrações involuntárias do detrusor, diminuir o número de micções, aumentar a capacidade vesical, determinar o aumento de força de contração do músculo elevador do ânus e do comprimento funcional da uretra, e melhorar a transmissão neural intra-abdominal. Isso ocorre pela estimulação do nervo pudendo, que ativa por via reflexa os neurônios simpáticos inibitórios e inibe os neurônios parassimpáticos.
Exercícios de Kegel
Os recursos utilizados na fisioterapia referentes às associações de fortalecimento muscular do assoalho pélvico e a função de continência. Kegel recomendava a realização de numerosas contrações simples dos músculos pubococcígeos diariamente.