Falha no tratamento cirúrgico da doença do refluxo gastroesofágico

A doença do refluxo gastroesofágico é uma afecção crônica decorrente do fluxo retrogrado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago ou órgãos adjacentes acarretando um número grande e variável de sintomas esofágicos e extra esofágicos, associados ou não a lesões teciduais. É uma doença de grande incidência com prevalência de 20% nos EUA e em torno de 12 a 15 % no Brasil. Após avaliação clínica, endoscópica, dosagens de pH no esôfago e demais exames tais como manometria esofágica, indica-se um tratamento que pode ser clínico ou cirúrgico. Quando indicado o tratamento cirúrgico, a técnica habitualmente usada é a hiatoplastia com fundoplicatura realizada por videolaparoscopia ou cirurgia robótica. Os estudos de revisão de literatura mostram que o tratamento cirúrgico é mais eficaz que o tratamento clínico. As indicações cirúrgicas são relacionadas a intratabilidade do refluxo e complicações advindas do mesmo, como úlceras estenoses e esôfago de Barret. 

Fundoplicatura é a cirurgia realizada atualmente com bons resultados, dependendo muito da indicação precisa e uma técnica cirúrgica apurada, realizada por uma equipe cirúrgica bem treinada e experiente. Entretanto existem situações em que o procedimento falha, como na dismotilidade esofágica, na obesidade, na ausência de marcos anatômicos claros e técnica inadequada. A falha media relatada após fundoplicatura é de 18% (3%-30%), sendo que 4 a 20% desses pacientes necessitam reoperação. É difícil a decisão de reintervir nesses pacientes, quando existe falha na fundoplicatura, tal como migração ou reabertura do hiato esofágico. Isso deve ser feito após criteriosa avaliação do paciente e decidida em consenso entre o mesmo e a equipe cirúrgica. A cirurgia a ser realizada pode ser uma refundoplicatura ou ressecção gástrica com derivação em y de Roux. Cirurgias de difícil realização podem ser feitas por vídeo cirurgia ou robótica. Hoje em face a complexidade da técnica cirurgia a ser empregada em uma reoperação abdominal, o procedimento realizado por robótica parece ser mais seguro e eficiente em decorrência da melhor visualização com visão 3D das estruturas e acesso as mesmas de forma segura e precisa do braço robótico