Enxaqueca ocular: sintomas, causas,diagnóstico e tratamento
Segundo o oftalmologista Marcelo Jordão L. da Silva, diretor administrativo do Hospital Oftalmocenter de Ribeirão Preto/SP, os sintomas da enxaqueca oftálmica variam de acordo com o surgimento, sendo que, geralmente, relata-se um ponto cego ou escotoma, que pode expandir e muitas vezes é acompanhado por flashes.
“Cerca de 3% a 5% das pessoas que sofrem de enxaqueca apresentam esse tipo de aura visual. A dor pode ser latejante ou em peso ou pressão, e sua intensidade varia de muito leve a muito forte”, relata o especialista, salientando que, embora pareça grave, a enxaqueca oftálmica é geralmente inofensiva e desaparece por conta própria dentro de 20 a 30 minutos, sem qualquer intervenção médica
O oftalmologista esclarece que, além dos distúrbios visuais, a enxaqueca ocular também pode interferir na fala. “O portador de enxaqueca ocular também pode sentir formigamento, fraqueza ou dormência nas mãos e pernas, distorções relacionadas a tamanho ou espaço, ou ainda ficar atordoado”, enfatiza, ressaltando que não há causas específicas que possam estar relacionadas exclusivamente à enxaqueca ocular. “Os motivos são os mesmos, embora a enxaqueca se manifeste de forma distinta de uma pessoa para outra”, diz.
Marcelo Jordão relata que há estudos indicando mutações genéticas no cérebro que causariam anormalidades neurológicas, as quais, por sua vez, levariam à enxaqueca. “Acredita-se fortemente que deficiências de magnésio, desequilíbrios de serotonina (neurotransmissor responsável por manter o equilíbrio do humor) e problemas nos canais celulares que transportam íons elétricos, como os de cálcio, causariam a enxaqueca”, afirma, enfatizando que outra causa possível para a enxaqueca seriam anormalidades na serotonina contraindo os vasos sanguíneos e, consequentemente, reduzindo o suprimento de sangue para o cérebro. “A redução do sangue diminui a quantidade de oxigênio no cérebro, o que causaria a enxaqueca”, completa.
Além disso, o especialista revela que oscilações de estrógeno e progesterona parecem aumentar o risco e a gravidade da enxaqueca em muitas mulheres. “As alterações hormonais no decorrer da gravidez, menstruação e menopausa, além de medicações anticoncepcionais, podem causar enxaquecas. Alergias e intolerâncias alimentares, em particular aqueles com intolerância ao glúten (doença celíaca), têm uma chance dez vezes superior ao normal”, destaca, informando que os alimentos que contêm glutamato monossódico, tiramina, nitratos, aspartame e álcool favorecem o aparecimento da doença. “A tiramina é um aminoácido presente no vinho tinto, nozes, queijos, fígado, levedura, peixe conservado, chocolate, bananas, abacates, ameixas, tomate, berinjela, repolho, etc. O glutamato está contido principalmente nos cubos de caldo de carne. Os nitratos são os principais conservantes de salames e salsichas. E o aspartame é um adoçante artificial contido em todos os produtos sem açúcar”, explica.
Diagnóstico
Para Marcelo Jordão, o diagnóstico da enxaqueca ocular é complexo: “Existem centros especializados para o diagnóstico e o tratamento de dores de cabeça. Uma anamnese detalhada é primordial para a busca do diagnóstico que pode ser confirmado com análises clínicas que excluem doenças com sintomas semelhantes”, declara. No caso da enxaqueca oftálmica, o médico salienta que é necessário realizar exame oftalmológico completo constando de refração, tonometria de aplanação e mapeamento de retina para descartar doenças oculares, tais como distúrbios de acomodação, glaucoma e alterações retinianas.
O oftalmologista afirma que além de executar exames clínicos, como angiografia, para investigar o funcionamento dos vasos sanguíneos intracranianos, deve-se realizar ultrassonografia das carótidas para visualizar qualquer estenose, ultrassonografia craniana para investigar presença de microtrombos associados com a patologia do forame oval patente, ressonância magnética do SNC para visualizar o estado dos tecidos e excluir quaisquer tumores, além de eletroencefalograma.