Dor abdominal: é tudo igual?
Em algum momento da vida, todos nós já nos queixamos de dor abdominal ou mesmo “dor no estômago”. Descobrir o que realmente está por trás desta queixa é um dos grandes desafios médicos. Se fizermos um levantamento dos principais motivos que fazem as pessoas irem ao pronto socorro e consultórios, certamente a dor, de modo geral, estará no topo da lista. Ninguém quer conviver com a dor e, principalmente, sem saber o motivo e como controlar esse sintoma que tanto atrapalha a qualidade de vida. Mas será que todas as dores são iguais?
“Dor na barriga” não é tudo igual. E dor na “boca do estômago” não significa necessariamente que o problema é seu estômago. O abdome contêm órgãos diversos, com inimagináveis particularidades, tornando o diagnóstico de certeza um desafio.
Como é essa dor? Qual a localização? Tem irradiação? Qual a intensidade? A duração? Fatores associados com melhora ou piora? Já houve episódio semelhante? Quais problemas de saúde já conhecidos? Todas essas perguntas e muitas outras mais são imprescindíveis numa abordagem do paciente com dor. É a medicina na sua forma mais pura. É questionar minúcias. É interrogar uma senhora de 65 anos se ela foi amamentada no peito ou se morou em casa de pau-a-pique.
A dor pode ser devido a lesão orgânica, como a apendicite ou a colecistite aguda; funcional, como na Síndrome do intestino irritável; distúrbio metabólico como uremia, porfiria ou cetoacidose; ou até mesmo por aspectos da personalidade e fatores culturais do paciente.
O primeiro grande desafio a ser vencido é estabelecer se essa dor abdominal é aguda ou crônica, se vai demandar um tratamento clínico ou cirúrgico, de urgência ou eletivo. As vezes o diagnóstico é feito no pronto socorro. Em outras, serão necessárias várias consultas, solicitação de exames complementares, testes terapêuticos, exclusão de outras doenças mais comuns e mais graves, entre outras situações.
Em relação a patologias não cirúrgicas, saber da dificuldade em estabelecer diagnóstico fortalece a importância da aderência ao tratamento proposto. As maiorias das medicações prescritas levam um tempo para começarem a agir e têm seu modo ótimo de ação, que deve ser seguido à risca. Além disso, as orientações sobre mudanças de hábitos de vida, melhora da alimentação e prática de atividade física têm sua importância subestimada.
Já em relação às dores causadas por patologias cirúrgicas, o ponto principal é procurar atendimento médico, seja na urgência, seja com seu médico de confiança. Sinais e sintomas como dor persistente e incomum, que não cessou com analgésicos simples, de maior duração, acompanhada de náuseas, vômitos, febre e queda do estado geral, merecem atenção e investigação em curto prazo.