As bactérias boas do nosso corpo
Você sabia que para cada célula que compõe o nosso corpo há 10 microrganismos que nos colonizam? São bactérias, vírus e fungos que vivem em simbiose conosco, que encontraram nos diversos ecossistemas do corpo humano oportunidades de crescerem, se desenvolverem, reproduzirem e perpetuarem.
Em troca, essa população nos devolve uma infinidade de benefícios que convergem para um bom funcionamento global do nosso corpo. Esses benefícios variam desde proteção contra colonização de agentes infecciosos até participação em etapas de rotas metabólicas que o nosso corpo não conseguiria fazer por si mesmo.
O principal representante dessa numerosa malha é a microbiota intestinal. São mais de 1.000 espécies de bactérias que habitam o nosso intestino, e que quando somamos toda a estrutura genética dessa população, percebemos uma quantidade de DNA 150 vezes maior que o do nosso próprio corpo. Considerando esses números impressionantes, começamos então a perceber o peso que esses nossos passageiros têm no nosso corpo, no nosso metabolismo e na nossa vida.
Em verdade, nós precisamos e dependemos dessa população para que o corpo funcione de forma perfeita, e cada vez mais as pesquisas vêm demonstrando mais e mais papéis que a microbiota exerce em nós, de forma que a ciência contemporânea caminha para acreditar que absolutamente todas as doenças passam pelo intestino. A ciência já consegue estabelecer associações, por exemplo, entre padrões de microbiota e situações como esquizofrenia, autismo, diabetes, obesidade, etc.
Ainda não sabemos o quanto a modulação da flora intestinal exerceria um impacto real e duradouro nesses pacientes, mas os estudos são promissores. Portanto, a medicina moderna precisa considerar sempre a questão da microbiota.
E como fazer para construirmos uma microbiota saudável?
Importante sabermos que a microbiota que levamos para a vida é sensível a mudanças de composição do início da gestação até os primeiros anos de vida da criança, o que significa que os eventos relacionados à estrutura de saúde e doença do nosso organismo dependem fundamentalmente de tudo o que acontece nessa etapa da vida. Influências como tipo de parto (vaginal ou cesáreo), tempo de aleitamento materno, momento de início de papas, origem e variedade dos alimentos introduzidos nesta fase e até mesmo a abordagem comportamental que os pais têm com a criança nesses primeiros anos, são definitivas para a qualidade de saúde que esta criança terá por toda a sua vida.
Por outro lado, criança maiores, adolescentes e adultos, mesmo com a microbiota já estabelecida, podem se beneficiar com atitudes que corrijam um possível desequilíbrio. A principal forma de proporcionar o melhor ambiente para que a boa microbiota se estabeleça, é o hábito de se alimentar de forma saudável, sempre fazendo escolhas dentro dos padrões bem estabelecidos de orientação nutricional, evitando produtos calóricos e não saudáveis como refrigerantes, açucarados, gordura saturada e com sódio em excesso. Também fugir das dietas da moda, que não têm embasamento científico e tampouco evidências de benefícios de longo prazo, tanto da parte metabólica quanto no impacto na perpetuação dos nossos amigos microbiontes.