50% dos homens no mundo vão ter calvície até os 50 anos, segundo a OMS
Para muitos, ser careca é visto como charme. Mas, há quem viva o processo de calvície como algo nada agradável. E, para estas pessoas, a boa notícia é que já existe um método que devolve a capilaridade, de forma quase total, graças aos importantes avanços na técnica de transplante capilar. No Brasil, a realidade da calvície afeta 42 milhões de cidadãos, segundo dados da Sociedade Brasileira para Estudo do Cabelo (SBEC). A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 50% da população masculina do planeta terá algum grau de calvície até os 50 anos.
Segundo o cirurgião plástico Paulo Miranda, especialista em implante capilar de Rio Preto, cerca de 10% dos casos que chegam ao seu consultório são passíveis de correção com a técnica denominada de FUE (Follicular Unit Extraction) popularmente conhecido como transplante fio a fio. Uma vez que implica na extração da unidade capilar e, com isto, permite transplantar os fios de uma determinada área do couro cabeludo para outra que necessita ser coberta. “No procedimento FUE, o transplante é feito fio a fio e possibilita transplantar grandes, médias e pequenas áreas de uma só vez. Tudo isso pode ser feito de forma manual ou robótica de acordo com o desejo do cliente”, explica o médico.
Testosterona envolvida no processo? A calvície é um problema que afeta especialmente os homens, pois a testosterona, hormônio sexual masculino é a maior responsável pela queda do cabelo. Embora as mulheres também a produzam, nelas a quantidade é muito menor. Ao atingir a raiz do cabelo, a testosterona sofre a ação de uma enzima e, como consequências surgem substâncias que vão reduzir a velocidade de multiplicação das células da raiz, ou mesmo provocar a morte delas. O resultado é que o cabelo fica mais fino e seu crescimento mais vagaroso.
O cirurgião explica que o fato de a calvície afligir os homens também se explica pela genética. “O gene da calvície é dominante no sexo masculino, ou seja, ele se manifesta mesmo quando herdado somente do pai ou só da mãe. Assim, por exemplo, o filho de um pai cabeludo pode se tornar careca porque o avô materno era calvo. Nas mulheres, seria preciso acumular dois genes da calvície para ter o risco da mesma perda que eles”, explica.
No microtransplante, o cirurgião plástico vai transplantar os fios do próprio paciente de uma área doadora para a área calva. “Ao retirar os folículos capilares das regiões posterior e lateral, eles trazem consigo suas características embriológicas e, sendo assim, não sofrem ação hormonal e, com isso, a cirurgia de calvície permite que o transplante dos cabelos não seja rejeitado, por não sofrer ação hormonal e, por conseguinte, vão cair mais”, explica Miranda.
Adeus cabelos de boneca? Atualmente, o microtransplante não tem mais aquele aspecto de “cabelo de boneca” de quando era feito pela recolocação de tufos de cabelo. A técnica atual consiste na retirada de uma faixa de couro cabeludo por meio de um corte, seguido de separação das unidades foliculares e, depois, o transplante fio a fio para a parte frontal do couro cabeludo. Miranda explica que parte dos cabelos cai quando é transplantada, porém a raiz permanece, de forma que os cabelos irão crescer normalmente a partir do segundo mês, em torno de 0,6 cm a 0,9 cm por mês. “A queda só será acentuada em caso de paciente acometido por doença rara no couro cabeludo ou submetido à quimioterapia”.
O microtransplante capilar é praticamente indolor, normalmente a cirurgia é feita com anestesia local e sedação e, no pós-operatório, são utilizadas medicações analgésicas comuns por no máximo dois dias. O procedimento dura em torno de seis a oito horas.
Saiba mais. Quem pode fazer? Pode ser indicado para pacientes a partir dos 20 anos, antes desta idade, o recomendável é que o indivíduo passe por uma avaliação diagnóstica com um dermatologista para tratamento medicamentoso.
O que é a técnica FUE? A técnica Follicular Unit Extraction (FUE), ou em português chamado de Extração da Unidade Capilar, permite ao cirurgião retirar os fios um a um do couro cabeludo, bem como transplantá-los um a um para a parte calva.
A maior vantagem da FUE é não produzir cicatrizes visíveis, apenas minúsculas marquinhas puntiformes praticamente imperceptíveis a olho nu. Dessa forma, a técnica é indicada para pacientes que usam cabelos extremamente curtos, como por exemplo, cortados em máquina número 1 ou 2, pois as cicatrizes não vão ficar aparentes. “Até mesmo os cabeleireiros mais experientes não conseguem identificar as marcas, quando o paciente procura um profissional bem conceituado”, diz o Dr Paulo Miranda.
A FUE é contraindicada para pessoas com alto grau de calvície e, também, para pacientes que tiveram infartos recentes ou se forem portadores de arritmia cardíaca grave. É indicada também para quem tem a testa alta, ou sofreu perda de sobrancelhas, principalmente, em mulheres, ou entradas profundas. O procedimento é realizado em ambiente hospitalar com uso de sedativos.
Você sabia Júlio Cesar também era calvo? O desconforto de ficar careca não é de agora. Quando os fios de cabelo de Júlio César (100 - 44 a.C.) começaram a rarear, o imperador romano se pôs em batalha. Contra a iminente calvície, se valeu do inimaginável: as receitas exóticas contra a careca incluíam ratos domésticos queimados, gordura de urso e vísceras de veado. Embora tivesse tentado a receita, não produziu um fio de cabelo a mais na cabeça do imperador. E como JC, ainda há homens que buscam se valer de todas as artimanhas, sem procurar o que de fato pode lhe trazer alento, que é o transplante capilar.