O que é o Neurodesenvolvimento?
O neurodesenvolvimento é um processo contínuo e progressivo, em diversas competências (cognitivas, motoras, sensoriais, sociais e emocionais) e permite que a criança realize tarefas progressivamente mais complexas e com maior habilidade na sua interação com o meio. Depende da maturação neurobiológica, relacionada com aspetos psicológicos e sociais e também da interferência ambiental. Esta aquisição processa-se de modo sequencial em todas as culturas, com uma progressão céfalo-caudal e do geral para o específico.
Particularmente nos primeiros anos de vida há quatro áreas essenciais no neurodesenvolvimento:
• A motricidade global e postura, relacionada com a locomoção, depende grandemente da maturação e mielinização do sistema nervoso central (SNC), sendo pouco influenciada por fatores do ambiente. É pouco preditiva da capacidade cognitiva, embora possa ser um sinal precoce de disfunção neuronal global.
• A visão e a motricidade fina, a área que melhor se correlaciona com a cognição não-verbal, englobam a capacidade manipulativa e a coordenação olho/mão, requerendo a integridade da visão, motricidade e função cognitiva.
• A audição e a linguagem permitem comunicar, falar e compreender, isto é, utilizar a linguagem expressiva e compreensiva. A sua avaliação não se deve iniciar apenas com as primeiras palavras, havendo já no período pré-linguístico indicadores precoces, através de comportamentos, como a atenção partilhada e o sorriso social. É a que melhor se correlaciona com a capacidade cognitiva verbal e com o nível cognitivo futuro.
• Através do comportamento e da adaptação social, a criança interage e relaciona-se com o outro, assim como adquire a autonomia e independência nas atividades do quotidiano. Necessita de pré-requisitos e interação entre várias competências, como as capacidades motoras, oculomotoras, da linguagem e cognição. É a área mais dependente de fatores ambientais, educacionais e culturais.
As alterações no neurodesenvolvimento, um grupo heterogêneo de patologias que se manifestam por anomalias neurológicas ou sensoriais de caráter permanente, habitualmente desde os primeiros meses de vida, são principalmente de origem genética e podem afetar uma ou várias áreas do desenvolvimento, através de atraso ou desvio nas aquisições do desenvolvimento e/ou por alterações do comportamento.
A identificação destas situações depende da gravidade e da área do desenvolvimento afetada, sendo sinal de pior prognóstico a precocidade das manifestações e/ou detecção de sinais de alarme.