É possível Amar sem Possuir?
Não é raro, receber em meu consultório, casais que estão em conflito devido a tanto amor envolvido. O amor intenso e mal dosado, acompanhado de posse, poder e controle, interfere na convivência ao ponto de invalidá-la.
Não é apenas a ausência de amor que provoca separações. Mas o amor sem uma lapidação, provoca dores e sofrimento, da mesma forma que o desamor.
A arte de deixar ir, é o exercício do amor. Amor e posse não caminham bem juntos. Desapegar-se do outro pode soar como falta de amor. Mas os mecanismos de apego podem existir por falta dele.
Nós nos apegamos demasiadamente às pessoas por falta de amor a elas e a nós. A falta de autoestima implica em uma necessidade em ficar muito agarrado àquele que elegemos para sustentar a ideia de nossa existência.
O oposto do amor não é o desprezo, a indiferença, o egoísmo, o medo, o preconceito. O oposto do amor é o poder.
Quando nos apoderamos do outro, estamos tentando impedi-lo de ser quem ele verdadeiramente é.Quem poderia dizer que ama uma ave de asas cortadas? Quem poderia dizer que ama um ser que está engaiolado?
Quanto mais apego, mais controle e menos amor. Quanto mais amor, menos poder sobre o ser amado.
Ao se colocar a pessoa amada com a terrível responsabilidade de fazê-lo feliz, ocorre o apego ao poder sobre o outro.
Tentar lapidar a pessoa amada para que ela fique do jeito que se acha que tem que ser, é um desrespeito que vai na contramão do amor.
A arte de deixar ir, é o exercício do amor. Amor e posse não caminham bem juntos. Desapegarse do outro pode soar como falta de amor. Mas os mecanismos de apego podem existir por falta dele.